Apesar do contexto de criar um filme de terror que se passa todo durante o dia, tinha tudo pra ser mais um filme clichê, mas aqui a experiência é bem surpreendente.
A narrativa decorre sobre lutos, traumas e emancipação. Midsommar carrega diversos símbolos que além de prender a atenção nos faz emergir na trama que conta a história de Dani uma menina que acabou de perder os pais e vive um relacionamento toxico com seu namorado.
Fragilizada a moça embarca numa viagem para uma aldeia, com o namorado e uns amigos afim de celebrar e conhece seus rituais pagãos. Mas o que parecia uma alternativa de fugir do luto e se aproximar de seu namorado passa a ser uma intensa jornada de autoconhecimento e libertação.
O longa deixa desde o início, aos olhares mais atentos, pistas do que está por vir. Aos poucos vamos embarcando na narrativa de cada personagem e percebendo que coisas estranhas estão acontecendo. É tudo bastante desconfortável e perturbador, o que propositalmente causa a vontade de entender o que está acontecendo naquele vilarejo.
Algumas cenas são bem marcantes, como a cena do choro coletivo. Percebe se que mesmo com toda bizarrice daquele lugar, Dani se sente acolhida por aquelas pessoas, quando elas a imitam em sua dor.
Entendendo que Dani precisava sair do estado de passividade em que permitia que seu namorado dominasse a relação, a protagonista começa a se sentir parte daquela comunidade e se fortalecer com o “apoio” deles. Mostrando a importância da empatia e solidariedade na vida das pessoas.
Outro fato interessante na trama é como toda a vida daquelas pessoas giram em torno dos rituais que eles realizam a cada 90 anos, que simbolicamente indica um ciclo de vida. Pois ao envelhecer os anciões passam a ter uma missão importante para que o novo ciclo se reinicie. Ritos de fertilidade, amor e prosperidade. É como se o folclore sustentasse as suas principais fontes de sobrevivência.
Midsommar é uma história que vale a pena ver e refletir sobre ela. O thriller psicológico certamente vai te proporcionar mais do que somente sustos, mas a uma experiência bem profunda e significativa.
Nota 10/10
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